A abordagem típica da Escola da Administração Científica é a ênfase nas tarefas. O nome Administração Científica é devido à tentativa de aplicação dos métodos da ciência aos problemas da Administração, a fim de alcançar elevada eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicáveis aos problemas da Administração são a observação e a mensuração. A Escola da Administração Científica foi iniciada pelo engenheiro americano Frederick W Taylor, que teve inúmeros seguidores e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. Sua preocupação original foi tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o fundador da Administração Científica, nasceu em Filadelfia, nos Estados Unidos. Veio de uma família “quaker” de princípios rígidos e foi educado dentro de uma mentalidade de disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Em seus primeiros estudos, tomou contado direto com os problemas sociais e empresariais decorrentes da Revolução Industrial. Iniciou sua vida profissional como operário, em 1878, na Midvale Steel Co., passando a capataz, contramestre, chefe de oficina, a engenheiro em 1885, quando se formou pelo Stevens Institute. Naquela época, estava em moda o sistema de pagamento por peça ou par tarefa. Os patrões procuravam ganhar o máximo na hora de fixar o preço da tarefa e os operários, por seu turno, reduziam a um terço o ritmo de produção das máquinas, procurando contrabalançar, desta forma, o pagamento por peça determinado pelos patrões. Isto levou Taylor a estudar o problema de produção nos seus mínimos detalhes, pois não podia decepcionar os seus patrões, graças ao seu progresso na companhia, nem decepcionar seus colegas de trabalho, que desejavam que o então chefe de oficina não fosse duro com eles no planejamento do trabalho por peça. Taylor iniciou suas experiências e estudos pelo trabalho do operário e, mais tarde, generalizou as suas conclusões para a Administração geral: sua teoria seguiu um caminho de baixo para cima e das partes para o todo. Permaneceu em Midvale até 1889, onde iniciara suas experiências, que o tornariam famoso, quando entrou para a Bethlehem Steel Works, para tentar aplicar as suas conclusões, vencendo enorme resistência às suas idéias. Registrou cerca de cinqüenta patentes de invenções sobre máquinas, ferramentas e processos de trabalho. Em 1895, apresentou à "American Society of Mechanical Engineers" um estudo experimental denominado “Notas Sobre as Correias”. Pouco depois publicava outro trabalho, “Um Sistema de Gratificação por Peça”, um sistema de administração e de remuneração dos operários. O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação do seu livro Shop Management (Administração de Oficinas), 1903, onde se preocupa exclusivamente com as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos (Motion-time Study). Taylor começou por baixo, junto com os operários no nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada operário, decompondo os seus movimentos e processos de trabalho, aperfeiçoando-os e racionalizando-os gradativamente. Verificou que o operário médio produzia muito menos do que era potencialmente capaz com o equipamento disponível. Concluiu que se o operário diligente e mais predisposto à produtividade percebe que no final obtém a mesma remuneração que o seu colega menos interessado e menos produtivo, acaba se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo com a sua capacidade. Daí a necessidade de criar condições de pagar mais ao operário que produz mais. Em essência, Taylor diz em Shop Management que: (1) o objetivo de uma boa Administração era pagar salários altos e ter baixos custos unitários de produção; (2) para realizar esse objetivo, a Administração tinha de aplicar métodos científicos de pesquisa e experimento para o seu problema global, a fim de formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitissem o controle das operações fabris; (3) os empregados tinham de ser Cientificamente colocados em serviços ou postos em que os materiais e as condições de trabalho fossem Cientificamente selecionados, para que as normas pudessem ser cumpridas; (4) os empregados deviam ser Cientificamente adestrados para aperfeiçoar suas aptidões e, portanto, executar um serviço ou tarefa de modo que a produção normal fosse cumprida; (5) uma atmosfera de intima e cordial cooperação tem de ser cultivada entre a Administração e os trabalhadores, para garantir a continuidade desse ambiente psicológico que possibilite a aplicação dos outros princípios por ele mencionados. O segundo período de Taylor corresponde à época da publicação do seu livro Princípios de Administração Científica, quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser logicamente acompanhada de uma estruturação geral da empresa e que tornasse coerente a aplicação dos seus princípios. Nesse segundo período, desenvolveu os seus estudos sabre a Administração geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar contudo sua preocupação com relação à tarefa do operário. Taylor assegurava que as indústrias de sua época padeciam de males que poderiam ser agrupadas em três fatores: (1) Vadiagem sistemática por parte dos operários, que reduziam propositadamente a produção a cerca de um terço da que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Há três causas determinantes da vadiagem no trabalho, que podem ser assim resumidas: - o erro que vem de época imemorial e quase universalmente disseminado entre os trabalhadores, de que o maior rendimento do homem e da máquina terá como resultante o desemprego de grande número de operários; - o sistema defeituoso de Administração, comumente em uso, que força os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses; - os métodos empíricos ineficientes, geralmente utilizados em todas as empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte do seu esforço e do seu tempo. (2) Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização. (3) Falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho. Para sanar esses males, idealizou seu famoso sistema de Administração que denominou Scientific Management e que nos países de língua latina foi difundido sob os nomes de Sistema de Taylor, Gerência Científica, Organização Científica no Trabalho e Organização Racional do Trabalho. Segundo o próprio Taylor, o Scientific Management é antes uma evolução do que uma teoria, tendo como ingredientes 75% de análise e 25% de bom senso. De acordo com Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer a um certo período de tempo, para evitar alterações bruscas que causem descontentamento por parte dos empregados e prejuízo aos patrões. Essa implantação requer um período de quatro a cinco anos para um progresso efetivo. Apesar de sua atitude francamente pessimista a respeito da natureza humana, já que considera o operário coma irresponsável, vadio e negligente, Taylor se preocupou em criar um sistema educativo baseado na intensificação do ritmo de trabalho em busca da eficiência empresarial e, em nível mais amplo, ressaltar a enorme perda que o país vinha sofrendo com a vadiagem e a ineficiência em quase todos os alas diários. Analisando os males sofridos pela indústria sobre a ótica de um dos fatores identificados nos estudos efetuados por Taylor, a saber: a vadiagem sistemática; buscamos identificar a sua influência, bem como, a incidência na vida profissional nos dias de hoje. Observamos que os males identificados na industria à época de Taylor, passado mais de um século, continuam presente em nossos dias. Vemos que, operários exercendo atividades iguais, com salários diferentes, tendem a esmorecer, passando a produzir bem menos do que seriam capazes. A tentativa de exploração por parte do empresariado resulta sempre em mobilização dos empregados, hoje organizados em classe sindicais, que, pressionam os sindicatos patronais, em busca de seus direitos. O medo de que sua maior produtividade venha ocasionar o desemprego de companheiros de trabalho, bem como, a insegurança de ensinar a outros as atividades sob sua responsabilidade, e tornarem-se dispensáveis. A não observância das regras e normas, estabelecidas em contrato de trabalho, como por exemplo: o horário de trabalho. Sistema de administração defeituoso, levando os operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses, deixando sempre para amanhã o que poderia ser feito hoje. Situações onde o funcionário dedica a maior parte do tempo em que permanece nas dependências da empresa, a realização de atividades paralelas, sem nenhum vínculo com as atividades para as quais foi contratado. Muito do que Taylor concluiu em seus estudos naquela época, é facilmente identificável nos dias de hoje, bastando observar o comportamento pessoal e profissional dos que nos rodeiam. As obras de Taylor conseguiram sobrepor-se ao tempo. Não são mais atuais. Reconhecemos, até mesmo, divergências com as práticas de hoje. Mais continua sendo de suma importância para a administração científica. A observância dos males sofridos pelas indústrias, e que foram identificados por Taylor em seus estudos, continuam presentes nos dias de hoje, levariam os empresários, a minimizarem suas perdas, aumentando consideravelmente a sua produção, tendo em suas dependências profissionais mais satisfeitos, produtivos e participativos.
Por José Carlos Guimarães Júnior
http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/a-obra-de-taylor-suas-constatacoes-e-propostas/10905/
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